Conitec abre consulta pública para incorporação do belimumabe para tratamento adjuvante de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

Medicamento seria para tratamento de alto grau de atividade de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) apesar da terapia padrão e com falha terapêutica dos imunossupressores

A Conitec abriu consulta pública para avaliar a incorporação do belimumabe para tratamento adjuvante de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) até o dia 6 de fevereiro. O medicamento seria recomendado para para alto grau de atividade da doença apesar da terapia padrão e com falha terapêutica dos imunossupressores em adultos; para participar, clique aqui.

Entre os principais sintomas da doença estão apresentações leves na pele e artrite, nefrite lúpica, que é a inflamação renal relacionada ao LES, diminuição na quantidade de células sanguíneas, doença do sistema nervoso, complicações obstétricas e falência de órgãos. O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune crônica e é caracterizado pela oscilação entre crises/recidivas e períodos em que a doença está sob controle.

No Brasil, estima-se que entre 4,2 e 8,7 novos casos surjam por 100 mil pessoas em um ano. De acordo com o Ministério da Saúde, existem de 150 mil a 300 mil adultos com LES no País. A idade média de diagnóstico, que atinge mais as mulheres em até 90% dos casos, varia entre 25 e 45 anos de idade.

O diagnóstico é clínico e normalmente ocorre quando já existe algum sintoma mais crítico, pois o início da doença é sutil.

No SUS, o Lúpus Eritematoso Sistêmico tem o tratamento a base de alguns grupos de medicamentos, como os antimaláricos, a exemplo da cloroquina e hidroxicloroquina, e os glicocorticoides, como prednisona e metilprednisolona.

O belimumabe é um anticorpo monoclonal, ou seja, uma proteína produzida pelo corpo para atuar na defesa e que tem um alvo específico. Ele inibe a atividade do estimulador de linfócito-B (BLyS), que é um elemento importante para a produção de anticorpos que atuam contra células do próprio organismo e que tende a apresentar alta atividade em pacientes com LES.

A Conitec recomendou, inicialmente, a não incorporação do belimumabe para o tratamento adjuvante de pacientes adultos com Lúpus Eritematoso Sistêmico com alto grau de atividade apesar da terapia padrão e que apresentem falha terapêutica a dos imunossupressores prévios. Os técnicos afirmam que “consideraram as limitações e as incertezas das evidências, particularmente em relação ao impacto orçamentário, tendo em vista o parâmetro de falha terapêutica e o pressuposto de fracionamento das doses, além de preocupações operacionais relacionadas à organização dos serviços para a sua implementação”.

O que dizem os pacientes

Os técnicos da Conitec ouviram o depoimento de uma paciente que mora no Paraná, que tem 28 anos de idade, e que recebeu o diagnóstico de LES há aproximadamente quatro anos e faz uso do belimumabe. Segundo ela, o diagnóstico foi feito durante a sua gestação, quando teve fortes dores articulares espalhadas pelo corpo.

Assim que recebeu a notícia, a mulher iniciou o tratamento medicamentoso com hidroxicloroquina e corticoide que, de acordo com o relato, provocou inchaço, fadiga e baixa autoestima. Ela também fez uso de metrotexato, que provocou queda de cabelo, baixa autoestima, ânsia de vômito, dor de estômago e mal-estar. Por fim, utilizou leflunomida e houve alterações em exames do fígado. Como última alternativa, teve a prescrição de belimumabe, medicamento em consulta pública agora pela Conitec para incorporação no SUS.

A participante afirmou não ter identificado qualquer efeito adverso ligado ao belimumabe e cita como mudanças positivas relacionadas ao medicamento o retorno a atividades físicas de maior intensidade, redução da fadiga e do inchaço, ausência de dor articular e da necessidade de buscar o pronto-socorro.

O que dizem os especialistas

A médica Fernanda Calil Netto Souza, que é especialista em doenças reumáticas e diretora clínica da Clínica Incare, relata que o belimumabe é uma ótima opção terapêutica para alguns grupos de pacientes com LES. “Eu tenho certeza de que a incorporação desse medicamento pelo SUS traria muito benefício para os pacientes. É um imunossupressor bastante potente, portanto, tem seus possíveis efeitos colaterais como outros imunossupressores, principalmente infecções. Ao mesmo tempo, no geral, é uma droga segura”, afirma.

A especialista acrescenta que são necessários cuidados e acompanhamento regular. “Importante ressaltar que o belimumabe é usado em casos que não responderam a outros tratamentos e paciente mantém a doença ativa, consistindo em mais uma opção importante para o controle desses pacientes”, conclui.

O que dizem os demandantes

A avaliação da incorporação do belimumabe ao SUS, por via intravenosa, para o tratamento adjuvante de pacientes adultos com lúpus eritematoso sistêmico (LES) com alto grau de atividade da doença apesar da terapia padrão e falha terapêutica a dois imunossupressores prévios foi um pedido da GlaxoSmithKline Brasil Ltda (GSK).

A companhia apresentou um relatório detalhado sobre a eficácia, a segurança, o custo-efetividade e o impacto orçamentário do belimumabe, cujo nome comercial é Benlysta®.

“Analisando os efeitos gerais desejáveis das tecnologias, quando comparado ao placebo, o belimumabe foi significativamente superior na resposta clínica, controle da atividade da doença, redução da dose necessária de prednisona e menor frequência de recidivas da doença”, diz um trecho do documento.

A qualidade da evidência foi considerada moderada para todos estes desfechos. “Não foram observadas diferenças entre o belimumabe e placebo para os desfechos de tempo até a primeira recidiva, dano ao órgão e qualidade de vida relacionada à saúde, sendo que o nível de certeza geral da evidência variou de muito baixa a baixa. Em relação aos efeitos indesejáveis, houve pouca ou nenhuma diferença entre belimumabe e placebo no que se refere ao número de eventos adversos, eventos adversos sérios, mortalidade e descontinuação do estudo, com nível de certeza geral da evidência variando de baixa a moderada”.

Saiba como participar da consulta pública

A consulta pública para incorporação do belimumabe para tratamento adjuvante de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) vai até o dia 6 de fevereiro. Para dar opinião sobre o assunto e participar da consulta, acesse o portal da Conitec.

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