Índice de Massa Corporal (IMC) explicado

Neste artigo vamos entender como funciona o Índice de Massa Corporal (IMC) e porque muitas vezes ele pode ser considerado ineficaz ou inadequado. 

A Obesidade é geralmente avaliada usando o índice de massa corporal, de acordo com o órgão regulador norte-americano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O IMC leva em consideração a razão entre a massa (peso) de uma pessoa e o quadrado da sua altura, sendo a massa em quilogramas (kg) e a altura em metros (m). 

Os valores de IMC para adultos são categorizados da seguinte forma:

  • Peso normal: 18,5 a 24,9
  • Excesso de peso: 25 a 29,9
  • Obeso: 30 ou mais

A Obesidade é ainda classificada como:

  • Obesidade classe 1: IMC = 30 a 34,9
  • Obesidade classe 2: IMC = 35 a 39,9
  • Obesidade classe 3: IMC 40 ou superior

⇒ Você pode calcular o seu IMC no portal do Centro de Obesidade e Diabetes, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ou no site da iniciativa Saúde Não se Pesa.

Cálculo do IMC conforme etnia

Os riscos para a saúde associados ao IMC podem variar um pouco de acordo com a etnia, observa o Centro Joslin de Diabetes da Universidade de Harvard, em Boston. Eles afirmam: “Asiáticos e asiáticos-americanos podem ter maiores riscos à saúde com um IMC mais baixo.” Joslin criou uma calculadora de IMC para essa população que reduz o piso para IMC com excesso de peso para 23 e o piso para obesidade para 27.

Um artigo publicado pela Harvard T.H. Chan School of Public Health observa que alguns estudos descobriram que as pessoas negras têm menor gordura corporal e maior massa muscular magra do que os brancos no mesmo IMC; significando que com o mesmo IMC, eles podem ter um risco menor de desenvolver doenças relacionadas à Obesidade.

O Índice é um bom ponto de partida como ferramenta de triagem, diz o cirurgião bariátrico Mir Ali e diretor médico do Memorial Care Surgical Weight Loss Center no Orange Coast Medical Center em Fountain Valley, Califórnia. Mas porque leva em conta apenas a altura e o peso, e não a composição muscular ou outros fatores, o IMC é uma medida imperfeita.

Obesidade “mórbida”

Algumas organizações de saúde também se referem a pessoas com excesso de peso extremo como “obesos mórbidos”, e o guia MedlinePlus da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA define pessoas com 45 kg ou mais acima do peso ideal como sendo nessa categoria.

Mas esse termo é altamente estigmatizante, assim como a palavra “gordo”, apontam os autores de um artigo publicado no Journal for Nurse Practitioners. Termos como “peso pouco saudável” ou “IMC alto” são mais apropriados e motivadores para pessoas que carregam excesso de peso, aconselham.

Além de interferir na qualidade de vida, ter Obesidade de classe 2 ou 3 (um IMC de 35 ou mais) pode tirar quase quatro anos de sua vida em comparação com pessoas que acumulam muita gordura corporal, de acordo com um estudo publicado no American Journal of Public Health.

Cálculo do IMC em crianças e adolescentes

Existem muitas ferramentas online que podem calcular o Índice. As crianças devem usar uma calculadora de IMC diferente dos adultos porque o IMC é determinado usando um sistema de percentil, que estima o peso de uma criança ou jovem em comparação com seus colegas da mesma idade, altura e sexo. O CDC fornece uma calculadora de IMC para crianças e adolescentes, com idade de 2 a 19 anos

O que os números significam

De acordo com os CDC, os profissionais de saúde não usam o IMC para diagnosticar pessoas com doenças. No entanto, esse número pode ser usado para determinar o risco de problemas de saúde, como Obesidade, Acidente Vascular Cerebral, doenças cardíacas e Diabetes tipo 2, observa o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases.

A faixa de valores do IMC associada à menor taxa de doença e morte é de 18,5 a 24,9. Mas lembre-se de que esse número de IMC não é o objetivo principal do seu perfil de saúde, porque não consegue distinguir o excesso de gordura, músculo e massa óssea. Além disso, não descreve a distribuição da gordura corporal em nenhuma pessoa, de acordo com o CDC.

Como o IMC veio a definir a Obesidade e por que essa medida é falha

Muitas pessoas já passaram por isso: você vai ao consultório do médico, verifica a sua pressão arterial, altura e peso, e o médico transmite a infeliz notícia: seu Índice está muito alto e você precisa perder peso.

O IMC tem sido usado há muito tempo como forma de avaliar o peso corporal nos Estados Unidos. O governo deste país usa o cálculo para rastrear as taxas de Obesidade em todo o país e, de acordo com essa escala, 42,4% dos adultos americanos com 20 anos ou mais são obesos, observa o CDC.

Se esta fórmula parece complicada e um tanto arbitrária, é porque é e muitos especialistas começaram a questionar a precisão e utilidade do IMC.

Na verdade, o sistema está longe de ser perfeito e, com o passar dos anos, mais e mais ciência surgiu revelando as falhas dessa abordagem.

Antes de nos aprofundarmos no que exatamente são essas imperfeições, é importante entender não apenas o histórico do IMC, mas também o que seu número de IMC sugere sobre sua saúde – e por que você não deve necessariamente entrar em pânico se seu médico disser que seu número é muito alto.

Um pouco da história do IMC 

O IMC foi inventado porque pesquisadores, profissionais médicos, governo e companhias de seguros precisavam de uma maneira simples de rastrear o risco de saúde entre as pessoas nos Estados Unidos. 

  • Em 1972, um pesquisador chamado Ancel Keys cunhou o termo “índice de massa corporal” em um artigo intitulado “Indices of Relative Weight and Obesity”, publicado originalmente no Journal of Chronic Diseases.

No estudo, Keys analisou cerca de 7.400 homens de cinco países europeus e analisou sua densidade corporal e adiposidade e espessura de gordura subcutânea, duas medidas de peso corporal. Usando um índice que relacionava o peso e a altura, criado por Adolphe Quetelet, em 1832 (índice de Quetelet). Então Keys criou o índice de massa corporal como uma maneira direta de medir o peso corporal em relação à altura.

À medida que mais pessoas se tornavam mais obesas e os riscos à saúde associados ao excesso de peso se tornavam mais claros, epidemiologistas de todo o mundo começaram a usar a abordagem do índice de massa corporal de Keys como forma de rastrear fatores de risco de doenças na população em geral.

Em 1985, os Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH) começaram a usar o IMC para definir a Obesidade nos Estados Unidos. No início, os limites eram mais conservadores, mas em 1998, o NIH passou a usar as categorias conhecidas hoje para abranger todas as idades, sexos, etnias e culturas.

Como os especialistas usam o IMC e o que seu número pode dizer sobre sua saúde

Esse número simples pode afetar sua saúde. Ter um IMC alto pode obrigar seu médico a fazer exames de saúde adicionais, prescrever certos medicamentos e pedir consultas adicionais de acompanhamento para monitorar seu peso. Desta forma, seu IMC também está vinculado aos seus custos de saúde.

Valores altos no IMC e a relação com doenças crônicas

Diferentes pesquisas sugerem que o IMC está intimamente ligado ao risco do desenvolvimento de doenças. As pessoas que são consideradas com sobrepeso ou obesas correm maior risco de ter um diagnóstico de doença crônica ao longo da vida, como doenças cardíacas, Diabetes tipo 2, AVC e câncer, de acordo com o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases.

Valores altos no IMC e a relação com a COVID-19

Um estudo com adultos no Reino Unido publicado em agosto de 2020 na revista PNAS mostrou que naquela população estudada, que à medida que o IMC aumentava, o risco de hospitalização por COVID-19 também aumentava. Esse risco aumentado pode ser devido ao metabolismo prejudicado da glicose e lipídios, sugere o estudo.

Outro artigo, publicado na Obesity Reviews em agosto de 2020, também descobriu que as pessoas que têm Obesidade têm um risco 48% maior de acabar perdendo a vida com a infecção de COVID-19 em comparação com indivíduos não obesos.

Pontos importantes sobre a saúde x IMC

O IMC no sentido tradicional é usado como uma medida de risco à saúde. Não pode, no entanto, fornecer uma indicação dos hábitos de saúde de alguém. O IMC não diz o que alguém come, como movimenta o corpo, a qualidade do sono ou os níveis de estresse – todas as coisas que influenciam a saúde. 

Além disso, os hábitos de saúde ajudam muito a proteger qualquer pessoa, independentemente do peso. Por exemplo, em pesquisas populacionais em homens e mulheres de meia-idade e idosos, pessoas com Obesidade que aderiram à dieta mediterrânea não tiveram um maior risco de mortalidade geral normalmente associado a um IMC mais alto, de acordo com um estudo da PLOS Medicine, de setembro de 2020. 

Dito isto, aqueles que tinham um IMC mais alto tinham um risco aumentado de ter doença cardíaca. Os autores do estudo apontaram que os hábitos de vida podem atenuar alguns dos problemas de saúde associados a um peso mais alto, mas não todos.

Medida da circunferência abdominal em combinação com o IMC: alternativa possível

Embora o IMC seja amplamente utilizado para avaliar e classificar a obesidade, especialistas argumentam que o uso exclusivo para identificar complicações relacionadas ao excesso de peso é limitado.

Como vimos, o IMC não distingue a diferença entre massa magra e gordura, que pode ser medida de forma mais precisa em um exame de bioimpedância. Especialistas argumentam que o uso exclusivo do IMC para determinar a Obesidade é algo limitado.

Recentemente, a medida da circunferência abdominal, em combinação com o IMC, começou a ser levantada como uma estratégia alternativa e mais eficiente do que o uso dos índices isolados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cintura não ultrapasse 102cm nos homens e 88cm nas mulheres.

No Brasil, a Obesidade ainda é determinada pelo IMC, conforme o Ministério da Saúde. No entanto, iniciativas como a Saúde Não se Pesa têm ganhado força e pedem novas políticas públicas para a mudança destes padrões.

Leia também no site da CDD:

Tradução e adaptação: Equipe da Crônicos do Dia a Dia (CDD) 

Fontes: 

Everyday Health

Escrito por Sheryl Huggins Salomon, revisado por Justin Laube, médico, em 7 de outubro de 2020.

Everyday Health

Escrito por Melinda Carstensen, revisado por Lynn Grieger, nutricionista, em 3 de março de 2020.

Everyday Health

Escrito por Angela Lemond, revisado por Justin Labue, médico, em 17 de março de 2021.

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