Primeiro tratamento com evidência científica para a doença com risco intermediário-2 ou alto e plaquetas acima de 100.000/mm3 , inelegíveis ao transplante de células-tronco hematopoéticas, está sendo avaliado.

A Mielofibrose é um câncer raro, que afeta de 0,69 casos por 100.000 brasileiros, geralmente diagnosticado aos 65 anos, segundo The Physician’s Guide to Myelofibrosis, na edição de 2012. Os principais sintomas são: anemia, inchaço do baço e do fígado, sudorese, febre, desânimo.

Fernanda Maria Pereira, de 58 anos, teve o diagnóstico de Mielofibrose em 2010, mas dois anos antes já sentia sinais como cansaço, dor abdominal, coceira nos braços e nas pernas principalmente após o banho, baço palpável (maior que o normal) e anemia. “Meu principal desafio foi manter minhas tarefas diárias e fazer planos pro futuro, pois a doença é lenta e o prognóstico é incerto. Depois da medicação tive melhora na minha qualidade de vida e tive disposição para buscar suporte emocional e físico. Hoje consigo viver bem com a doença, embora saiba que ela existe em mim”, avalia.

Fernanda faz acompanhamento constante com hematologistas, exames e consultas a cada 3 meses. “Tenho plano de saúde e o uso para os exames, hospitais – quando necessário e médicos. A medicação recebo pela indústria farmacêutica via equipe da pesquisa clínica que participei. Embora o ruxolitinibe não seja a cura, esta só com transplante de medula, ele proporciona melhoria da qualidade de vida, no meu caso permitiu que eu trabalhasse, estudasse e praticasse atividades físicas. Desejo que essa oportunidade também seja dada aos pacientes do SUS, afinal, todos padecemos das mesmas dores e sofrimentos”, ressalta.

Agora, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias abriu uma consulta pública, até o dia 25 de abril, para receber contribuições da sociedade sobre o primeiro tratamento com evidência científica para Mielofibrose Primária (MFP): a incorporação do ruxolitinibe para o tratamento de pacientes com risco intermediário-2 ou alto, com plaquetas acima de 100.000/mm3, inelegíveis ao transplante de células-tronco hematopoéticas, no Sistema Único de Saúde; para participar, clique aqui.

No fim de março, houve uma audiência na Câmara dos Deputados para discutir a utilização do novo medicamento pelos hospitais da rede pública do País. O médico Renato Tavares, diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, afirmou que o medicamento tem eficácia comprovada em boa parte do mundo, tanto na melhora da qualidade de vida quanto no tempo de sobrevivência dos pacientes, inclusive com estudos de mundo real dos Estados Unidos e Europa. “É um tratamento consagrado e que está sendo negado aos pacientes do SUS, mas é aprovado pela Anvisa e foi aprovado pela ANS. Ou seja: mais uma vez, nós temos pessoas que têm poder econômico no Brasil tendo acesso a tratamento e quem é pobre fica sem”, apontou, em reportagem publicada pela Agência Câmara.

O presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer, deputado Weliton Prado, afirmou que 70% dos pacientes que tratam da doença no Brasil são pobres. “São pacientes que tratam no SUS e não têm condições de comprar esses medicamentos e são idosos sem condições. É injusto, inaceitável que esses pacientes não tenham acesso a essa medicação. E alguns conseguem e acaba ficando mais caro para os cofres públicos através de decisões judiciais. E a gente sabe que a judicialização não é a solução”, complementou o parlamentar.

Saiba como participar da consulta pública

A consulta pública voltada para incorporação do ruxolitinibe para o tratamento de pacientes com risco intermediário-2 ou alto, com plaquetas acima de 100.000/mm3, inelegíveis ao transplante de células-tronco hematopoéticas, no Sistema Único de Saúde vai até o dia 25 de abril.

A Conitec recebe contribuições e opiniões de toda a sociedade, que pode concordar ou não com o parecer da comissão. Para dar opinião sobre o assunto e participar da consulta, acesse o portal da Conitec.

Confira 6 passos para entender o que é uma consulta pública.

AVALIAÇÃO: Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde publicou parecer preliminar desfavorável à incorporação no SUS. Os integrantes da Conitec consideraram que o tratamento está associado a um maior benefício em termos de alívio de sintomas em função da redução do volume do baço, sendo este desfecho intermediário.

A sobrevida global advém de dois ensaios clínicos conduzidos há mais de 10 anos, e a mediana de sobrevida não foi alcançada no grupo que recebeu ruxolitinibe, cogitou-se então confirmar esse benefício por meio de dados obtidos em coortes, de acordo com o parecer da Comissão; confira o relatório completo disponível no site da Conitec.

FUNDAMENTAL: Com base nos argumentos apresentados, a CDD é contra a decisão de não incorporar este que é considerado o único medicamento disponível para dar qualidade de vida para os pacientes de Mielofibrose no Sistema Único de Saúde.

Compartilhe!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima