por Fabiana Dal Ri Barbosa

Estamos no século XXI, e falar sobre a saúde mental ainda nos dias de hoje pode ser algo muito complicado, que seja estigmatizado.
Na sociedade moderna, repleta de tecnologia, se mostrar triste é uma questão de fraqueza, de alguém que não soube se superar com algum perrengue que a vida lhe deu.
Muitas vezes, quando alguém expressa a necessidade de procurar ajuda de um profissional para lidar com seus próprios sentimentos é comum ouvir que hoje em dia, “essas pessoas” terceirizam até mesmo as emoções. O que pra quem compreende sobre o assunto, é um verdadeiro absurdo.
Estudando o mínimo sobre o assunto, apenas me cresceu ainda mais a curiosidade sobre as condições mentais.
Com o diagnóstico de esclerose múltipla, uma doença autoimune, crônica e sem cura, minha mente que era muita sossegada, passou a ser bombardeada por uma série de incertezas, medos e angústias . Ou seja, uma crise de ansiedade que em consulta o médico notou que me gerava dores neuropáticas e estresse generalizado , o que para o prognóstico da EM não seria bom. Comecei a ser medicada com uma dose mínima de antidepressivo.
Até essa condição existir em minha vida, esse remédio seria inusitado encontrar em minha mesinha de cabeceira. Pensando nas pessoas, mais alegres, de bem com a vida, dispostas e determinadas que conhecia, essa pessoa era eu.
O remedinho dá super certo e por anos o uso. Me ajuda muitas vezes nas dores, no ânimo pra sair da cama,  para passear e levar uma vida tranquila. Até que um dia, resolvi trocar o composto original pelo similar. Nunca imaginei que poderia fazer alguma diferença!
Nunca me vi com sintomas de depressão. Isso mesmo! Eu tive depressão, tomando o remédio similar ao que tomava!
Não tinha vontade de sair da cama, não queria me encontrar com ninguém, quando via as pessoas da minha família, pensava ( não quero vê-los), vontade de chorar, chorar, até desaparecer. Sem apetite, falta total de concentração e raciocínio lento. Que coisa horrível! Não tinha vontade de fazer nada! E tomava todo dia o medicamento. Até que conversando com uma amiga, ela me alertou:” isso é depressão!”. Logo voltei para o comprimido do composto original e a médica que me acompanha, ficou tão surpresa quanto eu, pois concluiu que o remédio similar não estava conseguindo atingir a dose completa que meu organismo estava acostumado. Tirei dessa experiência algumas lições:
1º : se puder não comece o tratamento com o composto original e fique só nele.
2°: a depressão é uma doença silenciosa e solitária, preste atenção a sua volta.
3º: a depressão pode acontecer com qualquer um.
4° aprenda a pedir ajuda.
5° cuidado ao administrar um medicamento de controle.
Nunca havia sentido nada parecido com o que senti nesse episódio com o medicamento similar. Tive o que a médica diagnosticou de depressão, causada porque meu organismo estava há anos acostumado com aquela dosagem de medicamento e de repente, ele parou de receber. É como se fosse um viciado em drogas em abstinência.
Falar em saúde mental é muito importante, porque não há saúde sem os cuidados com a mente. E para se ter esses cuidados, vai além de uma boa sessão de terapia, temos que focar numa alimentação saudável, num estilo de vida que nos envolva responsabilidade e prazer, temos um hobby, um exercício físico, companhia de pessoas queridas e cuidado com o sono.
Assim podemos acabar com esse estigma antigo de reprimir quem se médica e dizer que quem procura ajuda desses profissionais são loucos e fracos. Muito pelo contrário, quem admite que precisa de apoio de outrem é muito mais forte do que pode imaginar.

Beijinhos e até mais…. Amigos crônicos!!

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