Psicofobia: preconceito que nos prejudica

Por Camila Tuchlinski

Se há algo que atrapalha a nossa vida é o medo do desconhecido. É melhor ficar distante daquilo que a gente não conhece muito bem, pois pode representar perigo. E é mais ou menos assim que encaramos a saúde mental. Por décadas, buscar um psiquiatra ou psicólogo era considerado coisa para pessoas que ‘estão com um parafuso a menos’, que são ‘loucas’ ou ‘fracas demais para resolver seus problemas sozinhas’. Damos o nome para essas conclusões de psicofobia, mas onde elas vieram?

Bom, a gente pode colocar parte da culpa na indústria cultural, que sempre dramatizou aqueles acometidos por transtornos como seres marginalizados, com um certo grau de instabilidade e periculosidade. Quem não se lembra de filmes como ‘Um Estranho no Ninho’, ‘Bicho de Sete Cabeças’ ou ‘O Psicopata Americano’. Não havia um olhar empático e acolhedor para quem perdeu o controle dos pensamentos ou das emoções.

Outra parte considerável da responsabilidade vem do próprio histórico do manejo psiquiátrico nos antigos manicômios, cujas práticas mais duvidosas em saúde mental eram realizadas com o ‘aval’ da Ciência – que só evoluiu nesse sentido com a construção de um olhar mais humanizado e a luta antimanicomial recente no Brasil. Trarei o tema oportunamente neste espaço.

Afinal, o que é?

Assim, surge a Psicofobia. Um termo utilizado no País para classificar pessoas que têm preconceito com quem tem alguma deficiência ou doença mental. Porém, todos nós somos potenciais vítimas de uma instabilidade emocional que marca algumas fases de nossas vidas: a dor do luto, o sentimento de rejeição que pode nos acompanhar da tenra infância a um amor não correspondido, as frustrações, a violência física e psicológica, etc. E isso tudo é adoecer. Um adoecimento das emoções. Viu só como as questões mentais estão pertinho da gente?

Não é nada confortável se sentir vulnerável. Pedir ajuda é dificílimo para muitos. E isso é o que mais afasta pessoas dos consultórios de psicoterapia. Fingir que a dor não existe não faz com que ela desapareça. Ela segue no seu mundo interno.

Por essa razão, a Psicofobia é um preconceito que, na verdade, nos prejudica. Buscar o autoconhecimento, desbravar o que se sente, é uma atitude de respeito consigo. Abraçar as emoções, por mais difíceis que sejam, é dar uma chance a si mesmo.

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