Ministério da Saúde reduz idade mínima para vacina contra HPV em meninos

Imunizante é disponibilizado para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Nos imunossuprimidos, a vacina contra HPV pode ser aplicada até os 45 anos

Por Bettina Gehm, da Redação AME/CDD

Meninos com 9 anos ou mais agora também podem tomar a vacina contra HPV. A idade mínima, que antes era de 11 anos, foi reduzida pelo Ministério da Saúde para igualar a faixa etária de vacinação das meninas. Agora, a aplicação passa a valer para indivíduos de 9 a 14 anos e está disponível gratuitamente nos postos de saúde, em duas doses.

O grupo de vacinação vem sendo ampliado desde que a injeção contra esse vírus foi disponibilizada no SUS, em 2014. “Incluindo meninos a partir de 9 anos, conseguimos abranger mais adolescentes e mais precocemente. É uma estratégia de sempre ampliar as coberturas vacinais conforme a disponibilidade – e não falta a vacina no Brasil para isso”, argumenta o ginecologista Valentino Magno, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Quanto maior a população vacinada, melhor: o HPV é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum do mundo. “Acredita-se que, em alguma fase da vida, no mínimo 70% das pessoas vão entrar em contato com o vírus”, afirma Magno. 

Entre as doenças associadas ao HPV, estão os cânceres de vulva, vagina, canal anal, pênis, orofaringe (boca e garganta) e colo do útero. Esse último aliás, pode ser eliminado se todas as jovens se vacinarem. O vírus também provoca condilomas, que são verrugas genitais. 

O Ministério da Saúde estima que o Brasil tenha de 9 a 10 milhões de infectados pelo HPV e que, a cada ano, surjam 700 mil novos casos.

Infelizmente, de acordo com Magno, em 2018 menos de 50% das meninas e menos de 15% dos meninos completaram o esquema vacinal — para o público masculino, a vacina foi disponibilizada em 2017. 

“Com esses índices baixos, a circulação do vírus na nossa população para de diminuir”, explica o médico. Em países como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, o índice de vacinação de ambos os sexos está acima de 90% – e o vírus foi eliminado em muitos grupos da população. Mais de 100 países utilizam a vacina contra o HPV em adolescentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, para conter o HPV, é preciso alcançar índice de vacinação de meninas que ultrapasse os 90%. Essa é a meta traçada para 2030.

Imunizante não tem contraindicações

Pacientes com doenças crônicas e os indivíduos imunossuprimidos também devem se vacinar. “Essa população é extremamente suscetível à infecção pelo HPV”, alerta Valentino. 

Para os imunossuprimidos, inclusive, a vacina está disponível até 45 anos. Incluem-se neste grupo os pacientes com HIV, os transplantados e os indivíduos com câncer. Para eles, o esquema vacinal é composto de três doses. O intervalo é de dois meses entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a segunda e a terceira. 

Entre essa turma, há sempre o risco de vacinas com vírus vivo atenuado acabarem deflagrando a doença para a qual deveriam proteger. Mas esse não é o caso do imunizante contra o HPV. “Ele estimula a resposta imunológica do organismo através de proteínas da parte externa do vírus. Então não há como gerar uma infecção”, ressalta Magno.

A vacina contra o HPV foi alvo de preconceito por supostamente estimular o sexo desprotegido ou a iniciação sexual precoce. “Vacinar não tem nada a ver com dar uma autorização para o sexo desprotegido”, esclarece o professor da UFRGS. “E a vacinação não está associada ao início da atividade sexual”, conclui.

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