Semana Mundial do Aleitamento Materno 2020 abordará impacto da alimentação infantil no meio ambiente

Neste ano, a Semana Mundial do Aleitamento Materno, entre os dias 1 e 7 de agosto, aborda o impacto da alimentação infantil no meio ambiente, com foco na proteção, promoção e apoio do aleitamento materno para a saúde do planeta e da humanidade.

O incentivo à alimentação exclusiva no seio deve ocorrer desde o início da gestação. E não foi o caso de Natiely Corrêa Alves, que tem esclerose múltipla. Ela é mãe de João Guilherme, de dois anos de idade. “Na primeira consulta, quando comuniquei a gravidez, a médica-chefe do ambulatório apenas me informou para interromper o uso da medicação que fazia (Tecfidera) e retornar ao consultório quando entrasse no último trimestre da gestação. Me informou que, após o parto, o risco de lesões graves era maior e que estaríamos retomando o tratamento logo em seguida, sem a possibilidade de amamentar. Passei a gestação inteira me conscientizando de que, diferente das demais mulheres da minha família, eu não iria amamentar. E foi preciso trabalhar esta questão na terapia”, lembra.

Ao contrário do que a primeira médica informou, na última consulta com a equipe de neurologia antes do parto, uma profissional de saúde deu uma esperança. “Ela me deu explicações incríveis sobre o tratamento pós-parto, me passou o encaminhamento para realizar pulsoterapia com imunoglobulina humana e disse que poderia amamentar meu bebê até quando fosse confortável para nós. Eu saí do consultório radiante. E assim foi feito. A falta de informação correta e completa foi algo bem negativo que poderia ter sido evitada”, desabafa.

A jornalista Giovanna Balogh, autora do livro ‘O Mamá é da Mamãe’, considera que informação de qualidade é uma grande aliada da gestante e do bebê no quesito amamentação. “A principal dúvida que vejo das mães é se elas vão conseguir amamentar, porque a gente culturalmente acha que é uma coisa natural, que basta colocar o bebê no peito e tá tudo certo. Mas tem muita dificuldade que aparece no processo, desde a pega, o bebê que, às vezes, não ganha o peso esperado no início, a mãe não posiciona direito. Essa mulher precisa muito de apoio, tanto do pediatra quanto das pessoas da família e que apoiem a decisão dela de amamentar. Amamentar é muito solitário e essa mulher precisa de apoio tanto no começo quanto quando ela volta ao trabalho e ainda quer manter o aleitamento materno, que é o melhor alimento para o seu bebê”, ressalta.

Giovanna tem três filhos. Teresa, mais nova, nasceu em casa durante a pandemia do novo coronavírus. “O principal conselho que eu daria para as mães é se informar sobre amamentação ainda na gravidez. A gente se preocupa muito com o enxoval ou com coisas supérfluas e a gente não percebe. Outra orientação é ler livros ou sites sobre o assunto, falar com uma consultora de amamentação e achar um pediatra que realmente fale sobre amamentação. Tem que ser um pediatra que avalie o binômio mãe-bebê, porque pode ser algum problema, às vezes, na língua do bebê, um frênulo, então, tem muita coisa que precisa ser avaliada junto”, diz.

Após o nascimento de João, que ocorreu dentro do esperado, Natiely conseguiu amamentar mesmo com o tratamento para esclerose múltipla. “Minhas dificuldades foram em relação a falta de informação da classe médica quanto a compatibilidade do uso de medicamentos e amamentação. Uma grande parte parece ser contra este ato pois, para receitar qualquer medicamento, logo tentam induzir a mãe ao desmame abrupto de seu filho. O que é antinatural e total absurdo. Existe hoje um banco de dados utilizado internacionalmente que serve como base de consulta para a orientação dos médicos em suas prescrições, chama-se “e-lactancia”. Através dele se tem acesso a estudos de compatibilidade ou incompatibilidade realizados no mundo inteiro, além da cartilha de amamentação do próprio Ministério da Saúde. Mas, ainda assim, a maior parte dos profissionais continua a orientar o desmame”, enfatiza.

Natiely conta que somente o neurologista atual, dos inúmeros que consultou, decidiu estudar e se abrir para conhecer estas bases de consulta. “Amamentei o João até um ano e três meses sem uso de nenhuma medicação para controle de EM, e apenas após esse período voltei ao Tecfidera. Continuei a amamentação e hoje estamos realizando o seu desmame gentil. Eu e João somos acompanhados por médicos que conhecem minhas condições de saúde e somos ambos saudáveis. Lamento ter de ter lutado muito para garantir que meu filho pudesse ter acesso a algo simples, como o seio da mãe. Espero que outras mães não tenham que passar por isso ou que não se rendam ao primeiro não, mas que principalmente a classe médica use sua posição como aliados a saúde de mãe e bebê”, conclui.

Orientações sobre aleitamento materno exclusivo

Giovanna Balogh indica um livro interessante sobre o assunto, intitulado ‘Manual prático de aleitamento materno’, de Carlos González, que tem bastante informação. O próprio site da jornalista, Mães de Peito, reúne notícias e textos variados sobre o tema e maternidade real.
A pedido da nossa reportagem, a enfermeira obstetra Cinthia Calsinski, da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, fez uma lista dos benefícios do aleitamento materno para a mulher e o bebê. Confira:

Benefícios do aleitamento para a mãe:

– Melhor recuperação no pós-parto;
– Menor perda sanguínea no pós-parto;
– Retardo na ovulação e menstruação;
– Menor incidência de câncer de ovário e mama;
– Menor risco para desenvolvimento de síndrome metabólica, diabetes e artrite reumatoide.

Benefícios do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê:

– Menor risco de atopia, alergias alimentares e respiratórias;
– Menor risco para desenvolvimento de leucemia linfocítica aguda e leucemia mieloide aguda;
– Menor risco para morte súbita de recém-nascido, asma, diabetes e obesidade;
– Favorece o vínculo mãe-bebê;
– Maior índice que quociente de inteligência (QI).

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