Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais

Luiz Alexandre Souza Ventura*

Neste domingo, 28 de julho, celebramos o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, inflamações do fígado causadas por vírus ou pelo uso de remédios, álcool e outras drogas, por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.

Atingem aproximadamente 2 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. Desse total, 1,7 milhão têm o vírus da hepatite C e 756 mil carregam o vírus da hepatite B. Em todo o planeta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,7 milhão de mortes são provocadas por complicações das hepatites, principalmente cirrose ou câncer de fígado.

São quatro tipos: A, B, C e D.

Hepatite A – O vírus é transmitido por alimentos ou água contaminados, também se dissemina em relações sexuais ou nos resquícios de fezes (indetectáveis) em contato com a boca. Na maioria dos casos, o corpo combate a doença em até seis meses. Não há tratamento específico, mas uma vacina gratuita é administrada a crianças menores de 5 anos e pessoas com doença no fígado. Entre os sintomas estão febre, mal-estar, náusea, vômito, dor abdominal e olhos amarelados. Muitas pessoas que têm Hepatite A não manifestam sinais, mas podem espalhar o vírus.

Hepatite B – É crônica em alguns pacientes e precisa de tratamento, mas é possível eliminar o agente infeccioso após alguns meses. É transmitida principalmente nas relações sexuais e pode se espalhar por contato com o sangue de alguém infectado. Em gestantes, consegue invadir o corpo do bebê durante o parto. Uma vacina segura e eficaz faz parte do calendário infantil de imunizações. A Hepatite B pode desencadear a Hepatite D.

Hepatite C – Provocou 70% das mortes por hepatites virais no Brasil entre 2000 a 2016. O vírus tem capacidade para se manter no corpo. É uma doença silenciosa que, se não tratada, pode gerar cirrose ou câncer. Não há vacina, mas tratamentos que garantem chance de cura de mais de 90% dos casos estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os infectados, estima-se que menos de 20% saibam que têm a doença.

Hepatite D ou Delta – Reação inflamatória no fígado provocada por um vírus satélite, ou seja, que não é autônomo e depende da presença do vírus da Hepatite B. Pode ser adquirida por relações sexuais, transmitida de mãe para filho na gestação, parto ou amamentação; compartilhamento de seringas, agulhas, cachimbos, lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam, inclusive material para tatuagem e colocação de piercings, além da transfusão de sangue infectado. As formas de evitá-la são as mesmas da Hepatite B.

DESCRIMINALIZAR PARA SALVAR VIDAS –
Em artigo publicado no portal Estadão, Leon Garcia, psiquiatra especialista em Saúde Pública, e Beto Vasconcelos, advogado integrante Comissão de Juristas para revisão da lei sobre drogas, destacam que o Brasil atravessa um apagão de informação voltada ao debate da política sobre drogas no setor público.

“Com restrições deliberadas à transparência e à difusão de conhecimento científico, e diante de intenso processo de disseminação impulsionada de mensagens desprovidas de evidências e dados técnicos, caminhamos ao retrocesso nas políticas de acesso à saúde no Poder Executivo, com olhar quieto do Legislativo e do Judiciário”, afirmam.

“O acesso à saúde permite controlar ou curar doenças como HIV, hepatites virais e tuberculose”, defendem os autores. “O Brasil tem recursos escassos e finitos, que deveriam ser direcionados para prevenção e garantia de acesso à saúde de milhares de usuários e seus familiares”, completam os especialistas.

PESQUISAS E AVANÇOS – No começo deste mês, pesquisadores brasileiros e europeus conseguiram demonstrar o funcionamento de um composto que transporta o princípio ativo de uma vacina oral contra a Hepatite B até o sistema de defesa do corpo. São partículas que chegam ao intestino sem serem destruídas pela acidez do sistema digestório.

Participaram pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) e do Instituto Butantan, com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e de agências europeias. O estudo foi publicado na Scientific Reports.

“As vias oral e nasal são naturais de imunização. A natureza é o melhor agente vacinador. Uma vacina com proteína, como nesse caso, quando passa pelo estômago, é destruída pela elevada acidez e não chega ao sistema imune do intestino delgado”, comentou Osvaldo Augusto Sant’Anna, professor do Instituto Butantan.


*Luiz Alexandre Souza Ventura é jornalista colaborador da CDD.

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