Saiba tudo sobre Demência

A demência não é uma doença; mas sim, uma síndrome – um conjunto de sinais e sintomas – que ocorre quando os neurônios (células nervosas do cérebro) encontram obstáculos na comunicação entre eles, trazendo desafios característicos na  comunicação, no comportamento e na gestão das emoções.

A demência não é um processo imediato, tendo um desenvolvimento progressivo e ainda incurável nos dias de hoje, eventualmente levando a perda de autonomia e independência em razão do que chamamos ‘perda cognitiva’.

A demência é classificada em estágios que podem ir do pré-clínico – quando há primeiros déficits em nossas cognições sem que haja a demência ainda estabelecida – ao avançado – quando normalmente a pessoa diagnosticada já está em um estado acamado e dependente de cuidados das atividades mais básicas às mais complexas.

Na CDD costumamos falar em Envelhecimento Bem-sucedido e demências, sendo perfeitamente plausível chegar aos 80 ou 90 anos de idade com suas cognições intactas ou com poucos prejuízos. No entanto, a Associação de Alzheimer dos  Estados Unidos, principal organização trabalhando com o tema, afirma que 1 em 3 idosos morre com Alzheimer ou outra demência, e que a cada 3 segundos uma nova pessoa recebe o diagnóstico.

Algumas pessoas com demência podem ser incapazes de controlar suas emoções ou podem apresentar alterações de personalidade. Eles podem lidar com alucinações (ver ou experimentar coisas que não existem), delírios (convicções não fundamentadas na realidade) e conviver com comportamentos desafiadores (agressividade, problemas relacionados ao sono e apatia). Podem ter desafios relacionados a comunicação e linguagem, ou então ter a marcha lentificada. Além disso, sintomas comumente relacionados à demência são: perda de memória, prejuízo no julgamento, desatenção e dificuldade para gerenciar casa, contas e trabalho.

Demência e Alzheimer são a mesma coisa?

Demência e doença de Alzheimer não são a mesma coisa.

A doença de Alzheimer é a maior causa conhecida de demência. É uma doença cerebral lentamente progressiva marcada pelo acúmulo de fragmentos da proteína beta-amilóide (placas) fora dos neurônios no cérebro e fios retorcidos da proteína tau (emaranhados) dentro dos neurônios.

No início do curso da doença, as pessoas com Alzheimer podem ter dificuldade em lembrar conversas, nomes ou eventos recentes e podem sentir apatia e depressão.

Embora a doença de Alzheimer seja a demência mais comum, não é o único tipo.

A segunda forma mais prevalente de demência, por exemplo, é a demência vascular, que ocorre quando as artérias bloqueadas interrompem o fluxo sanguíneo para o cérebro, privando as células cerebrais do oxigênio e dos nutrientes que precisam para funcionar.

Embora a perda de memória seja um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer, as pessoas com demência vascular podem inicialmente ter julgamento prejudicado ou dificuldade incomum em planejar, organizar e tomar decisões.

No passado, os médicos usavam o diagnóstico de Alzheimer para descartar demência vascular e vice-versa. Mas agora os especialistas acreditam que as duas demências frequentemente coexistem, um exemplo de uma condição chamada demência  mista.

Quantas pessoas vivem com demência?

Esse é um dado bastante difícil em países de baixa e média renda, pois a demência geralmente não é relatada e nem diagnosticada, com apenas cerca de metade das pessoas com demência identificadas pelos médicos. Há também um grande estigma que pode relacionar sintomas da demência ao envelhecimento natural ou até mesmo razões espirituais.

Espera-se que o número de pessoas que vivem com demência aumente significativamente devido ao envelhecimento dos baby boomers e aos avanços da medicina diagnóstica. Até 2030, estima-se que 20% das pessoas nos Estados Unidos terão 65 anos ou mais, comparado com 14% em 2012.

O custo gerado pela demência – incluindo gastos pessoais, médicos/equipe multidisciplinar e social – é bastante alto.

Para 2017, o custo total dos cuidados de saúde e cuidados de longo prazo para pessoas com demência foi estimado em US$ 259 bilhões. Esse montante está projetado para disparar para US $ 1,1 trilhão em 2050 (em dólares de 2017).

Causas de demência e fatores de risco

Os pesquisadores ainda estão trabalhando para entender por que isso acontece e estão investigando o papel que a genética, o estilo de vida e o ambiente desempenham. Já sabemos muito do meio pro final, mas ainda falta desvendar mistérios relacionados ao surgimento das placas e emaranhados que ocasionam em sintomas relacionados a doença de Alzheimer, por exemplo.

A demência vascular tem sido associada a artérias danificadas que bloqueiam o fluxo de sangue para o cérebro, privando as células cerebrais do oxigênio e nutrientes de que precisam para funcionar. A gravidade do bloqueio e sua localização no cérebro determinarão o impacto no pensamento e no raciocínio. Os fatores de risco incluem aterosclerose (endurecimento das artérias), colesterol alto, pressão alta e diabetes, entre outros; fumar também aumenta o risco.

Neste momento, o principal fator de risco que os cientistas conseguiram identificar para distúrbios frontotemporais (também chamados de demência frontotemporal) é o histórico familiar. No entanto, os pesquisadores descobriram semelhanças moleculares e genéticas entre a condição cerebral subjacente, a degeneração frontotemporal e a esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como doença de Lou Gehrig. Explorar essas semelhanças pode ajudar os cientistas a entender e tratar melhor as duas doenças.

Quais são os sinais e sintomas da demência?

A demência é uma deficiência nas funções essenciais (como memória, habilidades de linguagem, percepção visual, capacidade de focar e prestar atenção, capacidade de raciocinar e resolver problemas) grave o suficiente para afetar a capacidade de uma pessoa em gerenciar seu cotidiano.

Quando a demência vascular se desenvolve após vários pequenos derrames, por exemplo, as pessoas podem ter dificuldade de julgamento e planejamento ou podem se tornar cada vez mais incapazes de se  concentrar em algo.

Com a demência do corpo de Lewy, as pessoas podem ter alucinações visuais – imaginando que veem coisas que não existem, por exemplo. Ou podem alternar (dia a dia ou mesmo hora a hora) entre períodos de alerta e confusão.

Algumas pessoas com demência frontotemporal apresentam mudanças extremas de comportamento e personalidade. Eles podem começar a fazer comentários extremamente inapropriados em situações sociais, por exemplo, ou mostrar uma surpreendente falta de inibição.

Encontrar um médico que possa identificar corretamente o tipo de demência é o primeiro passo para obter o tipo certo de tratamento e suporte.

Diagnóstico de demência: como é feito?

O desafio está em entender que os sintomas de diferentes tipos de demência podem se sobrepor, e as pessoas podem ter dois ou mais tipos de demência ao mesmo tempo.

Obter o diagnóstico correto, no entanto, é fundamental para obter o melhor tratamento. Os profissionais médicos mais equipados para fechar um diagnóstico de demência são o neurologista, o geriatra e o psiquiatra, além do neuropsicólogo.

A primeira tarefa é descartar condições tratáveis ​​ou reversíveis com sintomas que podem simular demência, como depressão ou problema de tireoide. Os médicos fazem um histórico médico detalhado, realizam um exame físico e uma avaliação neuropsicológica e solicitam exames de laboratório.

As avaliações neuropsicológicas ajudam os médicos a ver padrões cognitivos que indicam a presença de um distúrbio cerebral específico.

Os médicos também podem examinar o cérebro em busca de anormalidades visíveis usando exames como ressonância magnética, tomografia computadorizada e PET.

Quais são os estágios da demência?

As pessoas com demência sempre verão seus sintomas piorarem com o tempo, mas nem todas as pessoas com o mesmo tipo de demência apresentarão o mesmo declínio ou apresentarão os mesmos sintomas no mesmo estágio. Certos sintomas podem nunca aparecer; estágios podem se sobrepor; os sintomas podem aparecer e depois desaparecer – cada pessoa é única.

Delinear os estágios da demência, no entanto, pode ser útil para as pessoas que estão considerando suas futuras necessidades de cuidados, esperando se alistar em ensaios clínicos ou planejando com antecedência.

Compreender os estágios iniciais da demência também pode ajudar as pessoas a entender as intrigantes falhas cerebrais. Na verdade, os pesquisadores agora identificam uma condição chamada comprometimento cognitivo leve como um precursor da demência para algumas pessoas. Essa condição – que envolve lapsos de memória, linguagem, pensamento e julgamento perceptíveis para a pessoa afetada, mas não grave o suficiente para afetar o funcionamento diário – afeta de 15 a 20% das pessoas com 65 anos ou mais. Cada um dos quatro tipos principais de demência – Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e distúrbios frontotemporais – apresenta sintomas iniciais que podem ser reveladores. Ao contrário da perda de memória de curto prazo da doença de Alzheimer, por exemplo, a demência vascular pode se revelar como dificuldade em fazer planos ou tomar decisões.

Em seus estágios avançados, no entanto, os sintomas de diferentes demências tendem a se tornar mais parecidos com o de Alzheimer, com perda de memória de curto prazo, agitação e agressividade tornando-se mais comuns.

Existem tratamentos para a demência?

Atualmente, não há cura para a demência, mas as pessoas podem encontrar alívio dos sintomas por meio de diferentes medicamentos ou métodos não medicamentosos.

Abordagens não farmacêuticas são geralmente o melhor lugar para começar. Isso pode incluir sessões individuais com um conselheiro de saúde mental para lidar com sentimentos de estresse ou tristeza. Reuniões de grupo de apoio com outras pessoas que lidam com demência também podem melhorar a saúde mental, o que pode melhorar a saúde física.

Os médicos podem prescrever medicamentos para pressão arterial para pessoas com demência vascular, por exemplo, para evitar danos adicionais aos vasos sanguíneos e manter o máximo de oxigênio possível no cérebro, mas também contamos com algumas classes de medicamentos para Alzheimer que funcionam como um ‘freio de mão’ para a evolução de determinados sintomas em determinadas fases da doença, não implicando em uma melhora do quadro e não significando que todos os pacientes em uso da medicação terão o mesmo efeito positivo.

Autora: Pamela Kaufman
Fonte: Everyday Health 

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