Campanha Janeiro Branco visa ampliar ações e olhares para a temática de saúde mental no mês de janeiro

Desde 2014, o mês de janeiro é reconhecido no Brasil pela campanha que busca chamar a atenção para a saúde mental na vida das pessoas – o Janeiro Branco. Criado por um grupo de psicólogos de Uberlândia, o Janeiro Branco teve sua cor inspirada na sua posição como o primeiro mês do ano, época em que as pessoas focam em novas resoluções e metas para os próximos meses, como se tivessem “uma tela em branco”.

O tema não poderia ser mais relevante. Em 2019, o Brasil recebeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) o título de país mais ansioso do mundo, com 18,6 milhões de brasileiros apresentando a condição. Com a pandemia de Covid-19, as já antigas necessidades de saúde mental viraram emergências públicas, como mostram diferentes estudos.

Segundo a OMS, uma consequência da pandemia foi a interrupção dos serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países do mundo, incluindo o Brasil. Uma pesquisa do Instituto FSB apontou que 62% das brasileiras e 43% dos brasileiros achavam que a sua saúde mental havia piorado ou piorado muito durante a pandemia. 

Em 2020, a Fiocruz divulgou cartilhas com recomendações para o enfrentamento de transtornos mentais no contexto da pandemia. Entre os temas, são citadas recomendações gerais, a respeito das reações, comportamentos e formas de cuidado psíquico, também foram descritos recomendações para gestores e para o cuidado de crianças em situação de isolamento hospitalar.

Os profissionais de saúde também tiveram um aumento dos problemas de saúde mental após o início da pandemia de Covid-19. Um relatório da pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) publicado em janeiro de 2022 investigou os sintomas depressivos em profissionais de saúde na linha de frente do Covid-19. De acordo com o documento, o Brasil é o segundo país da América Latina que apresentou maior sintomatologia coincidente com depressão severa (13%), só teve menor pontuação do que os profissionais do Chile, com 15,36%.

De acordo com uma das cartilhas da Fiocruz, são boas estratégias de cuidado psíquico (reprodução Fiocruz, 2020):

  • Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar; 
  • Retomar estratégias e ferramentas de cuidado que tenha usado em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional; 
  • Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente, bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia); 
  • Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual;
  • Caso seja estigmatizado por medo de contágio, compreenda que não é pessoal, mas fruto do medo e do estresse causado pela pandemia, busque colegas de trabalho e supervisores que possam compartilhar das mesmas dificuldades, buscando soluções compartilhadas; 
  • Investir e estimular ações compartilhadas de cuidado, evocando a sensação de pertença social (como as ações solidárias e de cuidado familiar e comunitário) 
  • Reenquadrar os planos e estratégias de vida, de forma a seguir produzindo planos de forma adaptada às condições associadas a pandemia;
  • Manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas; 
  • Evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções; 
  • Buscar um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional; 
  • Buscar fontes confiáveis de informação como o site da Organização Mundial da Saúde; 
  • Reduzir o tempo que passa assistindo ou ouvindo coberturas midiáticas; 
  • Compartilhar as ações e estratégias de cuidado e solidariedade, a fim de aumentar a sensação de pertença e conforto social; 
  • Estimular o espírito solidário e incentivar a participação da comunidade.

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