Gordofobia X pressão estética: você sabe a diferença?

Gordofobia ou pressão estética? Mulheres sofrem com ‘padrão de beleza restritivo’ imposto pela sociedade ao longo dos anos, veja mais!

A gordofobia é a discriminação a pessoas gordas, segregando-as dos contextos sociais. Muitas pessoas declaram que são vítimas dela em diversas situações, como a recusa em uma entrevista de emprego, o fato de terem dificuldade em encontrar um par romântico e estabelecerem relações saudáveis e por aí vai. Recentemente, falamos aqui na CDD sobre um caso de uma influenciadora digital que foi recusada em um voo da Qatar Airways por ser gorda.

Em equipamentos públicos, como transporte, por exemplo, pegar um ônibus pode ser um desafio para a pessoa gorda. Isso porque as catracas e bancos obedecem um certo padrão, além de serem extremamente estreitos. No quesito vestimenta, os modelos plus size se popularizaram no século XX. Originado do inglês, ‘plus’ significa ‘mais’ e ‘size’ pode ser traduzido como ‘tamanho’. Ocorre que essas roupas maiores normalmente também são mais caras, promovendo uma espécie de punição para quem não conseguir vestir as que estão disponíveis na loja.

A pesquisadora e integrante do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher e Gênero (NIEM/UFRGS) Gabriela Scapini afirma que existe um mito de que pessoas gordas não são saudáveis apenas por serem gordas. Em entrevista para o site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ela diz que o cálculo do Índice de Massa Corporal, conhecido como IMC, é uma classificação da antropometria. “É um segmento da antropologia que mede o corpo humano e suas partes, usado a partir do século XIX como forma de estabelecer normas sociais e definir o que seria um ‘corpo humano normal’. E essas tentativas de definir e categorizar pessoas entre normais e anormais estão fortemente ligadas à eugenia”.

A eugenia é a teoria que tenta determinar quais seriam os seres humanos com o melhor patrimônio genético e que já serviu de justificativa para genocídio, escravidão e colonização de muitos povos. A gordofobia está atrelada ao discurso médico, como se houvesse a generalização de que pessoas gordas são não-saudáveis. É como se a saúde do outro justificasse comportamentos gordofóbicos, mesmo sem avaliar clinicamente a situação delas.

Já a pressão estética, normalmente evidente na população feminina, está relacionada a uma cobrança social para que as mulheres se adequem a um padrão de beleza imposto muitas vezes pela indústria cultural e, mais recentemente, pelas redes sociais. Não é raro as meninas, desde muito pequenas, ouvirem frases como “você precisa emagrecer”, “cuidado para não comer muito, senão vai engordar”, “meninos não gostam de gordinhas”, inclusive de pessoas da família.

“Nós, como mulheres, passamos a vida inteira ouvindo ‘cuidado que tu vais ficar gorda’ – ficar gorda é a pior punição que pode acontecer na vida de uma pessoa. E quando tu és uma pessoa gorda, tu és uma pessoa gorda e ponto. Tu és reduzida a isso”, avalia Flávia Magalhães Novais, pesquisadora e integrante do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero (NUPSEX/UFRGS), também em entrevista ao site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Meninas, jovens, mulheres adultas e idosas podem sofrer diversos danos à saúde mental por causa da pressão estética. Entre a população mais nova, são comuns casos de transtornos alimentares. Segundo uma pesquisa do National Institute of Mental Health, 70 milhões de pessoas no planeta apresentam o diagnóstico. Bulimia e anorexia são os principais, além da distorção da imagem corporal.

Em 2014, a Casa do Adolescente, do governo paulista, realizou uma pesquisa em que constatou que 77% das adolescentes apresentavam transtornos alimentares. Quase 90% delas acreditam que existe um padrão de beleza socialmente imposto e, para 46%, mulheres magras são mais felizes.

O aprofundamento das discussões sobre gordofobia e pressão estética é cada vez mais necessário no Brasil. Confira a live que fizemos no canal da CDD cujo tema é ‘Eu sou mais que a Obesidade’, com as participações de Mariana Dimitrov Ulian que é nutricionista, terapeuta e especialista nos cuidados ampliados para pessoas com obesidade e com Erick Cuzziol, nutricionista, especialista em comportamento alimentar e ativista contra a gordofobia.

Veja também no site da CDD

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