Entendendo os sinais silenciosos

Lucia Damico*

Dizem que pessoas idosas não têm sintomas de quase nada. Você não sabe exatamente o que está acontecendo até que precisa correr para o hospital. Minha mãe é um exemplo disso.

Em 2015, num dia qualquer, ela acordou muito apática. Eu desconfiava que era mais um AVC, o terceiro. O primeiro foi em 2001, quando ela tinha apenas 56 anos. O segundo em 2014, aos 69 anos.

Ao dar entrada no Pronto-Socorro, passou por uma bateria de exames e precisou ser internada. O diagnóstico era de pneumonia. Só soube do que se trava na manhã seguinte, quando a médica chegou no quarto para a visita diária e conversou comigo.

Tinha quase certeza de que era mais um AVC. Os sintomas apresentados me levaram a crer nisso. Minha mãe estava letárgica, sem responder a estímulos, e não conseguia se movimentar. Suas pernas não obedeciam.

Durante a conversa com a médica que estava tratando da minha mãe, a suspeita de AVC foi totalmente descartada. Era realmente uma pneumonia.

A médica disse que as infecções provocam esses sintomas. Na época, eu não sabia que minha mãe tinha DPOC. Só descobrimos a doença um ano depois.

Após essa internação, vieram outras. Acho que umas quatro vezes, mesmo com ela já vacinada contra a pneumonia.

Tanto tempo depois, aprendi a entender os sinais que o corpo da minha mãe apresenta.

Normalmente, ela está bem, considerando todas as dificuldades atuais. De repente, fica mais lenta, desligada, apática, mas não tem nenhum sintoma de gripe ou resfriado. Não tem febre, não espirra, não tosse. Fica totalmente mole, sem qualquer reação.

Ainda demoramos um pouco para entender isso, mas agora sabemos que só temos uma coisa para fazer.

E corremos para o PS.

*Lucia Damico é jornalista.

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