Alzheimer e estresse: por onde anda a saúde mental dos cuidadores?

É preciso cuidar da saúde mental dos cuidadores das pessoas com Alzheimer, sim! Mas como?

Por Camila Tuchlinski

Cadê essa tal ‘saúde mental’? Sumiu, gente! Se você convive com alguém próximo que tem Alzheimer, pode se identificar com esse texto. Isso porque, ao mesmo tempo que é triste acompanhar a perda de memória (sobretudo a afetiva) daqueles que amamos, é extremamente estressante cuidar das coisas do dia a dia.

Explicamos diversas vezes onde está a manteiga, que aquela conta já foi paga, que as compras já foram feitas, que, sim, já demos o recado para alguém. E a pessoa continua fazendo as mesmas perguntas. Esse é um comportamento esperado no diagnóstico de Alzheimer: uma doença neurodegenerativa progressiva e que, dependendo do manejo clínico e de outras condições do organismo, pode avançar ‘mais rápido’ ou não.

Além disso, não são raros os casos de comorbidades como depressão. Imagine só: você era uma pessoa com plena autonomia, dona do seu próprio destino e, de repente, começa a se esquecer o tempo inteiro onde deixou as chaves de casa, aquela anotação importante ou aquele compromisso inadiável? Mais do que estressante, é frustrante. E aquela tristeza pela incapacidade vai se intensificando, se transformando em depressão.

Por outro lado, os cuidadores, independente do grau de parentesco, tentam ser empáticos e se colocar no lugar da pessoa. Ocorre que, no dia a dia, a paciência, testada ao extremo, também se transforma, neste caso, ‘vestida’ de estresse. Ou seja, temos um cuidador com a saúde mental comprometida.

O estresse aumenta os níveis de cortisol no organismo e são frequentes sintomas como queda de cabelo, tonturas, dores de cabeça e musculares, reações alérgicas sem motivo aparente. Há pessoas que acabam buscando ‘válvulas de escape’, como comer e beber compulsivamente ou abuso de medicações para dormir.

É preciso cuidar da saúde mental de quem cuida de pessoas com Alzheimer sim! Mas como? Em primeiro lugar, busque a psicoterapia. É através da escuta do psicólogo que você saberá, por exemplo, se precisará de auxílio medicamentoso (se sim, o psiquiatra é o médico responsável por fazer a receita).

Outro passo importante: se dê um tempo. Mesmo que sua rede de apoio seja praticamente ‘zero’, tente tirar 1h ou 2h para você enquanto a pessoa descansa, por exemplo. Fazer qualquer atividade que te dê prazer e que faça você se lembrar do que gosta: ouvir música, assistir um filme, bater papo com pessoas de fora da sua rotina.

Não preciso nem lembrar que alimentação e exercícios físicos são fundamentais, ne? E, quando falo de ginástica, nem precisa ser academia não. Se você se alongar por uns 10 minutos ao acordar e antes de dormir, todos os dias, já vai sentir os bons efeitos.

Às vezes, quando cuidamos intensamente de alguém, nos distanciamos de quem somos. Mas não se esqueça que nunca deixamos de ser quem somos. Por isso, cada tentativa que fizer para se aproximar da sua essência é um fôlego para também cuidar melhor de quem ama.

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