por Suzana Costa

A pele atópica que carrego, ferida e ressecada não é tudo sobre mim. A pele que coça é a mesma que sente o arrepio ao ser tocada pela pessoa amada, é a mesma que capta as emoções de tudo ao seu redor. Os braços manchados são os mesmos que abraçam, que acolhem, que protegem. As mãos descamando ensinam, ajudam o outro a segurar o próprio mundo quando tudo parece pesado demais. As mãos descamando impulsionam voos. O ombro marcado serve de cama para alguém chorar, acolhe muitos amigos. As cicatrizes não ofuscam o frio na barriga que acontece ao receber aquela boa notícia. As pernas feridas vão! Vão em lugares que os outros não querem ir, percorrem inúmeros caminhos. Os pés, cansados e calejados, aguentam o peso de tudo. Aguentam as pressões sociais, aguentam os medos, as inseguranças. São os mesmos pés que caminham contra o preconceito, que percorrem o trajeto do autoconhecimento e da autoaceitação.

A pele que habito, cheia de marcas e cicatrizes, não é tudo sobre mim. Existe um coração que sente, existem sentimentos que se afloram. Existe sorriso, alegria, força e coragem. Existe inseguranças, medos e dificuldades.

Minha pele conta uma história, a história da minha vida. Mas não veja apenas ela, não rotule pelas marcas que carrego no corpo.  Afinal, a pele que habito não é tudo sobre mim.

 

Suzana Costa

@minhavidacomdermatite 

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